segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Relatório

METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA II

Autor: Renata Carvalho da Silva

Relatório da Aula "Dialogando com A História das Coisas"

1. Introdução
Este relatório apresenta as principais considerações acerca da realização da aula intitulada "Dialogando com A História das Coisas", com a temática Relações Políticas na disciplina História, do Ensino Fundamental Inicial, aplicada numa turma de EJA III do turno da noite, na Escola Municipal Nadir Colaço no grande Recife.

2. Objetivo

Questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação. (PCN's, BRASIL, 1998).

3. Material e Métodos

- Primeiro momento: Comentários iniciais sobre o Filme "A História das Coisas" com Annie Leonard; Coleta dos saberes prévios dos alunos sobre o assunto; Construção com os alunos de um roteiro de análise do filme; Navegação no site do filme "A História das Coisas", http://www.storyofstuff.com/.
- Segundo momento: Pesquisa e leitura de textos sobre o Feudalismo e sobre a Guerra Fria na internet com o auxilio do professor; Adaptação dos textos da internet, leitura e discussão em sala de aula;
- Terceiro momento: Formação de grupos e discussão das transformações histórico-culturais ocorridas nos modos de vida e de consumo das pessoas; Apresentação oral das conclusões de cada grupo.
- Quarto momento: Exibição de um trecho dublado e legendado de "A História das Coisas", por dez minutos, e discussão do trecho do filme em sala aula, procurando responder as questões previamente sistematizadas; Exibição do segundo trecho por mais dez minutos, e discussão com base nos textos lidos, esclarecendo conceitos.
- Quinto momento: Leitura dinâmica da transcrição do filme com os alunos, pontuando os problemas socioambientais; Formulação e sistematização no quadro das possíveis soluções para os problemas, inclusive as soluções que podem ser exercidas em casa; Elaboração dos alunos de um relatório do filme e suas conclusões.

4. Resultados e Discussão

A aula iniciou com comentários sobre o filme "A História das Coisas", em que foi constatado que nenhum aluno assistiu ou ouviu falar sobre o filme, mas, no geral, ao ouvir os primeiros cometários sobre o filme, a turma mobilizou conhecimentos prévios relevantes sobre a produção e o descarte de resíduos sólidos em casa e na comunidade e sobre a forma como as pessoas compram e consomem exacerbadamente. Os alunos citaram a questão do uso do cartão de crédito e da maneira como as pessoas querem ter muitas coisas, além do desperdício de comida. Foram pensadas, então, questões para direcionar a análise do filme comentado. Esse foi um trabalho que causou certa estranheza entre os alunos pois nunca tinham trabalhado com roteiro de análise de filmes na escola.
Ao navegarem no site do filme, percebemos que a turma não tem muita habilidade e familiarização com a ferramenta da internet, sendo necessário um acompanhamento individual maior para cada aluno, e os alunos que tinha mais conhecimento da informática ajudavam os demais. Assim foi, também, o auxilio para a pesquisa dos textos que foram pesquisados na internet, adaptados e trabalhados em sala de aula. Os alunos se consideraram, inicialmente, incapazes de realizar essa atividade, mas com auxilio realizaram a pesquisa.
Os textos foram lidos em sala de aula, e os alunos tiveram várias dúvidas sobre conceitos, as quais foram sendo explicadas durante a aula. Notou-se que os alunos compreenderam a intencionalidade do consumismo ao longo da análise diacrônica dos discursos consumistas nos contextos sócio-históricos, podendo-se destacar a fala de uma aluna: "na época de antigamente se comprava pouco mas, com a modernidade, eles querem vender muito".
Apesar de não ser o esperado, o terceiro momento foi mais proveitoso, pois os alunos fizeram questionamentos muito pertinentes e analisaram sua própria realidade, a de seus vizinhos, da escola e até das atividades que já foram realizadas em outros dias em sala de aula de forma crítica. Os grupos de alunos falaram que quando eram crianças não eram tão pressionados por comerciais e pela moda a comprar muitas coisas como as crianças e adolescentes de atualmente. Narraram situações de desperdício de comida e modos de vida que recordam em seu passado e no seu presente, inclusive sobre o consumo de seus filhos comparando com os seu quando tinha a mesma idade.
O mais interessante foi o momento em que os grupos questionaram o desperdício de comida na merenda da escola, inclusive o desperdício que eles mesmo fizeram sem ter refletido. Os grupos analisaram até mesmo o uso de emborrachado em uma das atividades de Educação Ambiental realizada anteriormente na sala de aula. De sua falas temos a de um aluno que disse: "Nos já usamos, aqui na sala, emborrachado que não foi utilizado antes, foi comprado, e agente não viu que ele vai demorar muito tempo pra se acabar no lixo, e porque nós usamos?". Nota-se um nível de criticidade sendo construído ao analisar as relações sociais e políticas antes mesmo de assistir o filme, apenas com o diálogo entre os grupos.
No quarto momento foi exibido um trecho do filme "A História das coisas" em que os alunos fizeram questionamentos sobre alguns conceitos que aparecem na fala de Annie Leonard como "erosão dos ecossistemas" e "linear", notou-se que apesar da simplicidade da fala da narradora, os alunos não teriam maior compreensão do filme se não tivessem assistido por trechos com auxilio docente.
O segundo trecho foi assistido e, durante as discussões, os alunos acharam engraçada e atrativa a forma como é narrado o filme, e fizeram comentários tais como: "é mesmo, as coisas se acabam muito rápido [...]" e "as pessoas querem ter as coisa para se mostrar pros outros". A análise das relações sociais estavam mais avançadas porém, os alunos ainda não tinham percebido claramente asa questões políticas que permeiam as discussões do filme em questão.
Percebeu-se, na discussão, a necessidade de interver perguntando se o filme tem algo haver com a política. Os alunos pensaram e reponderam que sim porque o filme fala do governo que deveria cuidar de nós. Foi feita uma reflexão a partir disso, transpondo da realidade norte-americana para a realidade do contexto sócio-histórico brasileiro, as relações entre o Estado brasileiro, grandes corporações, meio ambiente e população brasileira. Fez-se uma análise das intensões políticas, ideológicas, discursivas e socioeconômicas do consumismo durante as décadas de 1950 a 2010, período de experiência de vida mais recordado pelos alunos.
No último momento do trabalho, uma leitura dinâmica da transcrição do filme foi realizada em sala de aula. Esquematizou-se no quadro os problemas socioambientais apresentados no filme que os alunos grifaram, e pontuo-se as possíveis soluções para tais problemas, recordando as causas e consequências dos mesmos.
Destacou-se, no quadro, as possíveis soluções apresentadas que podem ser realizadas, a curto prazo, em casa, como por exemplo, em vez de despejar o óleo de cozinha na pia, colocá-lo em uma garrafa e entregá-lo a ONG Trapeiros de Emaús para o reaproveitamento, e separar as pilhas usadas para depositar no papa-pilhas do Banco Real. Os alunos relataram que não sabiam da existência de tantas coisas que precisam e podem ser feitas no contexto atual com relação as questões socioambientais, e questionaram porque essas coisas não são amplamente divulgadas como outras menos relevantes como as promoções das coisas nas lojas no fim de ano.
Ao final foi solicitado um relatório para ser entregue na próxima aula, mas como os alunos trabalham durante o dia e parcela deles ainda não conseguem produzir textos maiores sozinhos, os relatórios foram escritos em sala de aula com auxílio docente. Apesar de erros de escrita ortográfica que foram trabalhados durante as produções, a criticidade das análises dos alunos sobre a temática trabalhada foi uma construção amplamente satisfatória do ponto de vista sócio-histórico e socioambiental.

5. Conclusão

Foi possível concluir que, apesar das dificuldades e alterações/adaptações do plano de aula, o objetivo foi alcançado, pois os alunos se depararam com situações-problemas de seu cotidiano e analisaram, criticamente, as relações de consumo de suas gerações nos contextos sócio-históricos, tentando encontrar soluções para os problemas socioambientais que se depararam.

6. Bibliografia

BRASIL, MEC. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais Primeiro e Segundo Ciclos do Ensino Fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998.

FONSECA, M. Aprender a contar, ouvir e viver.

LOUREIRO, C. F. B. [org.] Pensamento complexo, dialética e Educação Ambiental. São Paulo: Cortez, 2006.

LIBÂNEO, J. C. A aula como forma de organização do ensino. São Paulo: Cortez, 2008.

NAPOLITANO, M. Como usar o cinema. São Paulo: Contexto, 2002.

PACHECO, R. A. Redação histórica.

REIGOTA, M. O que é Educação Ambiental. São Paulo: Brasiliense, 2004.

Sítio: http://www.storyofstuff.com/, acesso em: 18/102010.

Um comentário:

  1. Renata,
    PArabéns pelo relatório. Boa reflexão. Apenas resalvo que o uso da bibliografia não se limita a lista no fim do trabalho. Os autores e textos devem ser utilizados ao longo do texto.
    Abraços,

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